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Este microbook é uma resenha crítica da obra: The Demon-Haunted World
Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.
ISBN: 978-8535908343
Editora: Companhia de Bolso
Sagan conta que o início de seu interesse pela ciência veio da infância. Foi quando seus pais o levaram para uma exposição científica que a ânsia pelo conhecimento científico aflorou em seu interior.
Desde sua primeira infância, Sagan foi um garoto curioso e deslumbrado por novidades, por saber um pouco mais.
Na exposição, ele sentiu que ali havia algo de extraordinário, muito diferente de tudo que ele conhecia. Sagan alerta quanto à importância de incentivar o pensamento científico desde a infância, para que não haja um crescimento tendo a ciência como um monstro ou um bicho de sete cabeças a ser decifrado, mas algo natural.
Considerando que O mundo assombrado pelos demônios foi lançado no longínquo 1995, um ano antes da morte do autor, é impressionante notar a atualidade da obra.
Os tais demônios citados por Sagan são subterfúgios para manter uma parcela da população nas sombras, sem conhecimento, dominadas, enganadas, roubadas também.
E o termo Deus da Lacuna é fundamental para entender como se dá certo charlatanismo: trata-se de uma falácia qualquer, utilizada para dar respostas sobrenaturais a questões aparentemente sem explicação.
Pode ser o acaso ou mesmo um fenômeno científico o que causou algo impressionante. No lugar de buscar a ciência ou os fatos para entender na íntegra o que de fato aconteceu, é comum usar um falso sobrenatural para preencher esta lacuna.
Daí surgem os oportunistas, os ignorantes e os que enriquecem às custas da ignorância da população. Familiar, não?
Sagan faz um desabafo sobre o comportamento comum dos seres humanos de buscar explicações fáceis, como os deuses das lacunas, para problemas complexos e acontecimentos desconhecidos.
Há descobertas científicas diárias e o fato de a ciência trabalhar de uma maneira mais complicada que uma mente leiga é capaz de entender faz com que se busquem os deuses nessas lacunas.
O sobrenatural e a fantasia são mais confortantes que a realidade. Sagan se mostra preocupado com as brechas dadas aos charlatães e compara a busca pelo sobrenatural à caça às bruxas da Inquisição, na Idade Média, quando também se usavam da ignorância para espalhar informações falsas, terror e desconhecimento.
A ciência é a coisa mais preciosa do mundo, por meio da qual encontramos explicações reais sobre os fenômenos que nos rodeiam, como o mundo funciona. Com ela, o ceticismo diante de fenômenos ditos sobrenaturais é fundamental para não cair em golpes fáceis.
O crédulo está mais propenso a cair em armadilhas. E o ceticismo é algo que não vende, por não trazer as soluções fáceis que confortam os corações de quem está propenso a acreditar em tudo o que é dito sem comprovação alguma.
A mesma sensação de prodígio que a ciência traz é causada pelas chamadas pseudociências. O baixo conhecimento da população média acerca do que é ciência ou não faz com que surjam diversos charlatães divulgando conhecimentos falsos e travestidos de ciência.
Elas costumam se popularizar de maneira fácil, trazendo explicações tão simples e reducionistas quanto às crenças mágicas de religiões e de entes sobrenaturais.
Toda ciência exige comprovações para ser aceita. Se a população tivesse conhecimento amplo a esse fato simples, não cairia com tanta frequência nas pseudociências que lucram rios de dinheiro por aí.
Segundo o autor, há pessoas que se apaixonam pela ciência, mas não são correspondidas, pela total falta de conhecimento, sendo, por vezes, até inteligentes, mas incapazes de absorver alguns conhecimentos por falta de uma educação que valorize a ciência desde seus primeiros passos.
Sagan usa o termo “analfabeto cientista” para definir os 95% da população que desconhecem fundamentos básicos da ciência. E esse índice é extremamente grave, dá mais espaço para aproveitadores.
Há muitas coisas que a ciência ainda não é capaz de explicar, há diversos mistérios que não foram resolvidos.
Levando em consideração o gigantismo do universo e nosso pouco tempo de maior conhecimento científico, é uma tendência natural.
As surpresas e os novos fatos vão aparecer com frequência. A ciência está longe de ser um instrumento de conhecimento perfeito, mas não há nada melhor. Sagan chega a comparar a ciência com a democracia, pois ambas não podem apoiar certos comportamentos humanos, mas iluminam consequências boas ou ruins de ações que são tomadas no dia a dia.
A maneira de pensar científica é imaginativa e disciplinada ao mesmo tempo. A ciência nos convida a aceitar os fatos, embora não se adaptem a nossas ideias preconcebidas.
Todos os campos da ciência possuem uma pseudociência análoga. Já neste livro de1995, Carl Sagan alertava o quanto os geofísicos tinham que se deparar com pseudocientistas afirmando que a Terra é plana, oca, ou com eixos que se balançam desordenadamente, além dos profetas que alertavam supostos dias exatos em que terremotos afligiriam populações grandes.
Já os botânicos se deparam com plantas que detectam mentiras, os antropólogos volta e meia se deparam com homens ditos mono sobreviventes e os zoólogos são obrigados a ouvir os pseudocientistas de sua área tratando de dinossauros vivos. Sem contar os biólogos tendo que responder sobre pessoas que interpretam escrituras ditas sagradas de maneira literal.
Tantas enganações geram calafrios em profissionais de qualidade. Não se deve respeitar nenhuma pseudociência.
Carl Sagan se notabilizou por ter escrito o livro Contato, que posteriormente foi adaptado em uma versão cinematográfica de muito sucesso. Na série Cosmos, também tratou em alguns episódios da vida fora da Terra.
Em O mundo assombrado pelos demônios, ele não poderia fugir do tema. Ao captarmos algo desconhecido no céu, há a tendência de perdermos a capacidade de análise crítica e voltarmos a nos portar como testemunhas crédulas de tudo quanto é sobrenatural.
Parte considerável dos OVNIs captados por fotografias não passam de charlatanices, desde montagens a brincadeiras, ou mesmo fenômenos de ilusão de ótica, desconhecidos por aqueles que pouco valorizam a ciência, em detrimento das pseudociências e das crenças em deuses das lacunas.
Teorias da conspiração e armações envolvendo extraterrestres são facilmente desmascaradas por análises científicas pormenorizadas. Isso independe de acreditar ou não na possibilidade da vida fora da Terra.
Até porque, acreditar em OVNIs não é tarefa muito difícil: considerando que a sigla indica um “objeto voador não identificado”, ao visualizarmos algo desconhecido no céu, trata-se de um OVNI, o que não indica necessariamente que há um ser desejando uma invasão contra os seres humanos amanhã.
Enxergar um OVNI não indica necessariamente uma nave espacial. O apogeu dessas aparições acontece na mesma época em que os países começam a fazer testes com naves de alta tecnologia, bem como começamos a desenvolver melhores tecnologias para visualizar cometas e asteroides no espaço.
Isso explica muita coisa de maneira racional e científica.
Aqueles que se dedicam às charlatanices precisam conhecer o próprio público para continuar sobrevivendo e ganhando a vida. É comum que usem da crença alheia para utilizar aquilo como uma fraqueza e tirar algum proveito dali.
Por isso, é interessante examinar minuciosamente os anúncios de OVNIs em revistas ditas especializadas, por exemplo. Ou mesmo os relatos de pessoas que ouviram as vozes dos pais falecidos, por exemplo.
Examinando cada um desses casos pormenorizadamente, é possível notar o quanto a vontade de que algo tenha uma explicação sobrenatural é gigante, ainda que a ciência explique que tal fato não é aquilo que a pessoa pensa.
A lista de fenômenos supostamente sobrenaturais que não passaram de alucinações, seja de pessoas traumatizadas por falecimentos ou por tanto visualizarem e sonharem com algo que chegam a projetar visões supostamente inexplicáveis, é incontável.
Em uma sociedade que se apressa a tecer manchetes sensacionalistas sobre visões de fenômenos sobrenaturais, Sagan chegou a ser chamado diversas vezes de pouco confiável, por sua cautela diante de relatos de visões.
Por muitas vezes, o incentivo de amigos e familiares e sua busca por encontrar um fenômeno sobrenatural é maior do que qualquer outra coisa. Os que acreditam em fantasmas tendem a ver fantasmas, por exemplo.
Uma maneira de reproduzir as próprias crenças.
Segundo inúmeras culturas humanas, disseminadas por todo o mundo, há deuses velando por nós e guiando nossos destinos. Também há, ainda segundo tais culturas, entidades responsáveis por todo mal que nos aflige.
As duas classes servem às necessidades humanas. As pessoas se sentem melhores ao acreditar nesses seres invisíveis. Num época em que as tradicionais religiões são submetidas ao escrutínio da ciência, por que não colocar uma roupa científica em tais deuses e demônios e chamá-los de extraterrestres?
Há uma retórica semelhante à religiosa em argumentos pseudocientíficos ao falar de seres extraterrestres.
Assim como a divindade não está em contato direto com o homem, o mesmo acontece com os extraterrestres, que nas últimas décadas passaram a figurar entre os demônios que nos assombram, como se nos vissem de maneira oculta, enquanto tocamos nossa vida naturalmente.
Por vezes, ouve-se que uma pessoa cética se acha superior às outras, depreciando crenças de maneira desrespeitosa. Pessoas céticas tendem a ser mal vistas em ambientes nos quais são aceitas toda e qualquer explicação quanto ao sobrenatural, porque são espécies de “estraga-prazeres”.
Pois o ceticismo é o único caminho para a verdade, sem abrir mão do assombro que novas visões ou conhecimentos inexplicáveis podem nos causar.
A questão principal é ter no ceticismo a arma contra a charlatanice que visa a explicar tudo de maneira simplista. O assombro sempre fará parte de nosso comportamento ao nos deparar com o desconhecido, seja ele de ordem simples ou em questões mais complexas.
Fato é que, se não buscamos uma explicação científica, damos margens para que as pseudociências as charlatanices diversas nos enganem e sejamos iludidos, pertencendo aos 95% de analfabetos cientistas citados anteriormente.
Quando somos céticos, buscamos explicações científicas e concretas, que não se baseiam em subjetividades sem comprovação para preencher as lacunas com deuses, ou com demônios.
As pessoas têm menor acesso e conhecimento da importância da ciência em nossas vidas e no cotidiano urbano e rural do que o necessário. Por isso, o trabalho desenvolvido por Carl Sagan, seja na literatura ou no audiovisual, é de fundamental importância e deve ser sempre ampliado aos quatro cantos.
Neste O mundo assombrado pelos demônios, publicado no ano anterior à sua morte precoce, o cientista multitalentoso destrincha o quanto a ciência deve ser introduzida na mente das crianças desde cedo.
Ao narrar sua primeira experiência com a ciência ao ser levado por seus pais a uma exposição, Sagan demonstra o quanto essa experiência foi crucial para todo o desenvolvimento intelectual e científico por toda a vida.
Ele também é capaz de nos mostrar o quanto as explicações rasas e fáceis tratando de fenômenos sobrenaturais são facilmente desmascaradas por argumentos científicos.
Em geral, tais explicações rasas são a ferramenta de trabalho da pseudociência, dos charlatães e de todos aqueles que se utilizam da ignorância científica para ganhar dinheiro, poder e mesmo dominar multidões de pessoas com pouco conhecimento.
Afinal, em uma sociedade em que 95% da população é considerada analfabeto cientista, disseminar conhecimentos que jogam uma pá de cal na charlatanice é uma obrigação moral.
Em História do mundo em 6 copos, Tom Standage conta como as grandes civilizações da humanidade crescerem a expandiram territórios, fazendo uma interessante analogia com o avanço de algumas bebidas.
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O cientista Carl Sagan nasceu em Brooklyn, NY em 1934. Depois de ganhar bacharelado e mestrado graus em Cornell, Sagan obteve um doutorado duplo na Universidade de Chicago, em 1960. Tornou-se professor de astronomia e ciência espacial e diretor do Laboratório de Estudos Planetários na Universidade de Cornell, e co-fundador da Sociedade Planetária. Um grande divulgador da ciência, Sagan produziu a série da PBS, "Cosmos", que foi Emmy e Peabody premiado, e foi assistido por 500 milhões de pessoas em 60 países. Um livro com o mesmo título saiu em 1980, e estava na lista de bestsellers do New York Times por 7 semanas. Sagan foi autor, co-autor ou editor de 20 livros, incluindo The Dragons of Eden (1977), que ganhou um Pulitzer, Pálido Ponto Azul (1995) e O Mundo Assombrado pelos Demônios: a ciência como uma vela no escuro (1996) , o mais difícil de bater na religião. Com sua esposa, Ann Druyan, ele foi co-produtor do quadro populares movimento, "Contato", que contou com uma feminista, protagonista ateu interpretado por Jodie Foster (1997). O filme saiu após a morte de Sagan, depois de uma luta de 2 anos com uma doença da medula óssea. Sagan desempenhou um papel de liderança em expedições Mariner, Viking, Voyager e Galileo da NASA para outros planetas. Ann Druyan, no epílogo ao último livro, Bilhões e Bilhões de Sagan: Reflexões sobre a Vida e Morte na Brink do Milênio (publicado postumamente em 1997), dá um relato comovente dos últimos dias de Carl: "Ao contrário do que as fantasias dos fundamentalistas , não houve conversão no leito de morte, nenhum último refúgio minuto tomado em uma visão reconfortante de um céu ou vida após a morte. Para Carl, o que mais importava era o que era verdade, e não apenas o que iria nos fazer sentir melhor. Mesmo neste momento em que alguém iria ser perdoado por se afastar da realidade da nossa situação, Carl foi inabalável. à medida que olhou profundamente nos olhos um do outro, foi com uma convicção compartilhada de que a nossa vida maravilhosa juntos estava acabando para sempre. "por seu trabalho, o Dr. Sagan recebeu o medalhas da NASA para realização científica excepcional e... (Leia mais)
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